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Acelerando Sonhos

Enquanto o plano inusitado de viajar até Marte recebe manchetes, missões mais urgentes e menos complicadas aqui na Terra, como o combate à pobreza, não têm merecido a mesma atenção. É para tentar corrigir um pouco essa distorção que logo mais Amanda Oliveira, fundadora e CEO das Valquírias, da rede Gerando Falcões, e eu embarcaremos para a Inglaterra. No final do mês, promoveremos um jantar filantrópico em Londres, que contará com a presença de cerca de cem investidores. A arrecadação será aplicada em projetos sociais em favelas do Brasil. 

O evento não poderia acontecer sem a ajuda da vibrante comunidade brasileira que vive em Londres, que vem nos ajudando a construir pontes com o Reino Unido. Ele tampouco sairia do papel sem os parceiros da Brazil Football Foundation, uma organização sem fins lucrativos sediada na capital britânica e que apoia diversos projetos sociais voltados à comunidade brasileira. 

O jantar é fruto da garra da nossa equipe londrina de voluntários, incansáveis na busca de patrocínio, tenazes nos contatos com doadores em potencial. É uma gente valorosa que não enjeita o trabalho duro, de formiguinha. Seu trabalho, de ampliação de uma rede de solidariedade, pode não ter tanta visibilidade quanto o de um Elon Musk, com seus foguetes de última geração, mas, na minha opinião, é muito mais importante e urgente. São eles que ajudam a encontrar soluções para problemas que já deveriam ter sido extintos há décadas, como a pobreza e a fome. 

Os resultados desse trabalho já aparecem há algum tempo. O jantar da Gerando Falcões em Londres é o terceiro do gênero. No final do ano passado, organizamos eventos similares em Nova York e Miami, com a ajuda decisiva de Maurício Morato, diretor executivo da Gerando Falcões nos Estados Unidos. Nessas ocasiões, encontrei sempre a mesma situação: uma comunidade sensível aos problemas do Brasil e disposta a fazer sua parte. 

Com iniciativas assim, a voz e o olhar da favela chegam ao chamado “primeiro mundo”. Essa é a importância de construir pontes, de encontrar novas maneiras de garantir que cada um assuma sua parcela de responsabilidade perante as mazelas sociais. Daí a importância também de se entender que a pobreza é um problema global. A miséria em qualquer parte é uma ameaça à segurança e à estabilidade de todas as sociedades. 

Já tratei neste espaço do projeto Favela 3D, que a Gerando Falcões está implementando como um piloto em São José do Rio Preto (SP), buscando construir tecnologias sociais inovadoras de combate à pobreza. Essa é a nossa Marte – a favela, não o planeta. É preciso fazer com que as elites globais, em particular a comunidade brasileira que mora no exterior, entenda que esse tipo de projeto não diz respeito a um punhado de pessoas na periferia de São Paulo, mas ao mundo inteiro. 

A pobreza rouba, sobretudo, oportunidades. Quando nos fascinamos com a perspectiva de viajar pelo espaço, devemos lembrar que o próximo salto tecnológico que irá viabilizar esse sonho pode vir justamente de um garoto ou garota da favela. Enquanto os foguetes não decolam, vou a Londres tentar acelerar esse sonho.

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