2022 Ano novo Favela Retrospectiva

Ano novo, favela nova!

Ano-Novo é sempre um bom momento para refletir sobre o passado e projetar o futuro. O ano de 2021 foi trágico para os brasileiros. Atingimos a marca de mais de 600 mil vidas perdidas para a Covid-19, com uma crise econômica e social que trouxe de volta antigas mazelas, como a fome.

Foi um ano de dificuldades, mas também de aprendizado. A sociedade brasileira parece ter amadurecido a ideia de que o combate à pobreza é uma responsabilidade coletiva, com consequências diretas sobre a vida de todos nós. Diante da tragédia da pandemia, quebramos recordes de doações e demos visibilidade inédita ao trabalho do terceiro setor, especialmente das entidades que atuam na ponta e conhecem de perto o dia a dia das periferias brasileiras.

O que mais espero para 2022? Que esse impulso de solidariedade se transforme numa verdadeira tomada de consciência, fazendo com que todos os atores sociais se engajem no combate à pobreza de maneira permanente. Sempre digo que o sentimento que promove mudança social não é a culpa, mas a responsabilidade.

Edu Lyra na Favela Marte, primeira favela 3D do Brasil.

Nós, que atuamos na área social, também temos muito trabalho pela frente. É preciso explorar com muito mais afinco as possibilidades abertas pelas novas tecnologias aplicadas a uma agenda social.

Nos últimos dois anos, a Gerando Falcões mobilizou mais de R$ 100 milhões para o combate à fome, doados por cerca de 120 mil pessoas no Brasil e no exterior. Todo esse montante foi arrecadado via campanhas digitais.

Lançamos também o Programa Decolagem, em parceria com a Accenture e aporte de R$ 1 milhão da Fundação Lemman. A ideia central do programa é colocar a ciência de dados a serviço do combate à pobreza, reunindo informações de famílias moradoras de favelas e, com a ajuda de algoritmos, desenvolver estratégias personalizadas de intervenção. O Decolagem é uma ação social piloto, pensada para combater a pobreza de maneira mais efetiva, não massificada, e para evitar o retorno a situações de vulnerabilidade.

Edu Lyra e sua mãe, dona Gorete em Nova York

O ano de 2021 também foi aquele em que a Gerando Falcões deu voos internacionais. Realizamos dois jantares de arrecadação nos Estados Unidos, um em Nova York e outro em Miami. Foram eventos que reuniram parte do PIB nacional para discutir a importância de contribuir com a redução das desigualdades em solo brasileiro.

Para além dos valores arrecadados, pude formar uma rede de contatos no exterior, firmar parcerias para a Gerando Falcões e, é claro, afiar meu inglês. Pude também conhecer de perto a cultura de filantropia madura que existe na sociedade norte-americana, um exemplo que deveria inspirar nossas elites e nossa classe média.

Tudo isso me permite olhar com otimismo para 2022. Em primeiro lugar, entendo que o universo digital não chegou para “competir” com o elemento humano, mas para nos ajudar a construir um novo mundo possível. A tecnologia é a chave para construirmos uma nova favela — digna, digital e desenvolvida.

Que venha, então, mais um ano! Em 2022, estou ansioso para testar ideias inovadoras, algumas até consideradas malucas, e descobrir quão longe podemos fazer avançar a agenda social em nosso país. Quero continuar tentando, aprendendo e inovando. Vaikidá!

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