Inteligência Financeira e Terceiro Setor

Inteligência financeira é o conhecimento profundo de tudo o que envolve saúde econômica, seja em âmbito doméstico ou de negócios. Assim, é ser inteligente para gastar, guardar e investir o seu  suado dinheirinho. Além disso, inteligência, para o dicionário Aurélio, é: “Faculdade de conhecer, de compreender: a inteligência distingue o homem do animal. / Compreensão; conhecimento profundo: ter inteligência para os negócios”. 

Porém, você poderá pensar:  Por que vocês não vão falar de inteligência só para os negócios?  

 Meu caro (a):  se não tivermos inteligência financeira para gerir nossas contas básicas, não teremos para gerir um empreendimento social ou uma empresa. 

 Por isso, vamos começar falando sobre a pequena diferença entre inteligência financeira e educação financeira. 

 

inteligência financeira

Educação Financeira x Inteligência Financeira  

Se você chegou aqui, com certeza já esbarrou nestes dois termos. Assim sendo, se você é um leigo no assunto,  sabemos que  já ficou perdido dentro de um vídeo sobre Inteligência Financeira, achando que aquilo era Educação Financeira ou vice-versa. 

Então, vamos por partes: 

Educação financeira é a orientação que se dá para que você possa fazer 3 coisas: 

  1.  organizar o seu orçamento 
  2. sair das dívidas 
  3.  fazer investimentos. 

 Até pouco tempo atrás, assim como a inteligência financeira, ela era ignorada no Brasil. Para muitos, bastava ser mão de vaca, mas, para outros, era só deixar de gastar com besteiras. Porém, ninguém entendia que havia uma inteligência naquele processo e que ela precisava ser aprendida, antes de ser executada. 

Veja o que o historiador, Leandro Karnal, falou sobre o tema no Jornal da Cultura: 

 

Tudo bem, você pode dizer: ” Mas a educação financeira entrou para a grade das escolas brasileiras”. Entretanto, mesmo assim, a moda não se traduziu em prática no nosso país. 

Então, é aí que entra a diferença entre educação e inteligência financeira. 

Nesse sentido, Educação Financeira é ensinar a organizar o dinheiro, sair das dividas e investir o seu salário, enquanto a inteligência financeira é, basicamente, a educação financeira colocada na prática. 

Assim, aprender a montar uma boa planilha com todos os seus gastos, quer dizer que você foi educado financeiramente. Porém, você apenas será inteligente financeiramente, quando não comprar, por preguiça, o chocolate da padaria que é vendido por metade do preço no mercado do outro lado da rua.  

3 objetivos da inteligência financeira 

Os objetivos centrais da inteligência financeira, são: ajudar todos a acionar gatilhos mentais, processos de compreensão e benefícios de curto prazo ligados às finanças. Assim, podemos tornar o nosso cotidiano mais rico em relação às experiências e realizações pessoais:  

Gatilhos mentais 

 Esta charge poderia se chamar: gatilhos mentais. 

 

inteligência financeira 1

A criança está na fase de compreensão através da cópia. Então, tudo o que a mãe dela faz é certo e tem que ser repetido pelo pequeno, que ainda não é inteligente ao ponto de compreender e diferenciar o melhor para ele. Quando ficamos adultos, tais hábitos viram robóticos. Assim, vão moldando o nosso cérebro. Por isso, inconscientemente, mantemos estes hábitos no nosso cotidiano. 

Por exemplo: A criança que vê a alegria da mãe no shopping está enviando para o seu cérebro que o consumo é algo prazeroso. Não porque, como bebê, consiga identificar aquilo, mas sim, por ver que sua mãe está feliz fazendo aquela ação. 

Portanto, se você fica feliz torrando dinheiro na padaria, provavelmente, há algum gatilho mental que faz aquilo parecer, para o seu cérebro, algo que traz paz e tranquilidade. Por isso,  ele precisa ser trabalhado e abandonado para que você alcance a sua inteligência financeira. 

 

Processos de Compreensão  

Compreender é outro ponto chave da inteligência financeira. É nada mais do que perguntar para si mesmo: Mas, por que estou guardando este dinheiro? Por que comprar menos coisas vai ser bom para mim? 

Se pararmos para pensar, guardar dinheiro e emagrecer são coisas que fazemos pelo simples fato de ver outras pessoas fazendo e acharmos que devemos segui-las. Porém, sempre é importante que olhemos para dentro de nós e compreendamos o porquê aquilo é importante para a nossa vida, no nosso contexto. 

Benefícios a curto prazo 

Passamos a vida ouvindo o mantra que ter inteligência financeira é, acima de qualquer coisa, pensar a longo prazo. Você tem que guardar o seu dinheiro para se aposentar, para, daqui há alguns anos, comprar um imóvel, trocar de carro ou ter a sonhada casa na praia. 

Com certeza são coisas importantes, mas, também temos que ter em mente que somos seres criados para pensar e trabalhar a curto prazo. O homem das cavernas tinha que pensar nos benefícios instantâneos. Então, se tinha comida, comia o máximo que pudesse, pois não sabia quando outro mamute morto estaria dando sopa. 

Assim sendo, é inteligente financeiramente darmos  ao nosso cérebro benefícios a curto prazo, também quando falamos de finanças. Ao invés de juntar dinheiro só para o carro, junte uma quantia menor para comprar algo mais simples e que o satisfaça. Com certeza, tal recompensa irá demonstrar para o seu cérebro que guardar dinheiro é bom e prazeroso.  

 

5 dicas para ser inteligente financeiramente 

Assim, segue 5 dicas quentinhas para você ser  um expert em inteligência financeira:

1-) Hierarquize os seus gastos 

Ter inteligência financeira é saber o que é mais importante para você e para onde está indo o seu dinheiro. Portanto, é  ótimo montar uma planilha setorizando os seus gastos por: 

  •  básicos (luz, água, internet) ; 
  •  pessoais (plano de saúde, transporte, academia) ; 
  •  entretenimento (bares, restaurantes, shows)

 

2-) Gaste menos do que você ganha! 

Você está achando isso óbvio, não é mesmo? Um dos maiores clichês da humanidade. Porém, tenho uma pergunta para você: Quantas vezes você ficou no vermelho nos últimos anos? 

Pois bem, um dos pontos para ter inteligência financeira é entender que gastar menos do que ganhamos não é um mero clichê. Assim sendo, é uma coisa que demanda esforço, planejamento e disciplina. 

3-)  Poupar os excedentes 

Ser inteligente nas finanças é o oposto de ser inteligente na balança. Vamos falar mais uma vez do homem das cavernas e sua alimentação. Eles comiam tudo o que tinham para ganhar gordura; para ter como se sustentar até a próxima alimentação. Assim, eles guardavam os seus excedentes, para usar em um momento de emergência. 

Portanto, na vida financeira, temos que nos inspirar neles. Conseguiu criar uma gordurinha no banco? Aproveite e coloque ela na sua “barriga” financeira.  

4-) Invista a curto, médio e longo prazo 

Eu sei que escrevemos lá em cima focado sobre inteligência financeira a curto prazo. Mas isso tem uma explicação. O investimento a curto prazo é o menos ensinado. Segundo o sociólogo Bauman, estamos em uma transição entre o mundo sólido e o mundo líquido. 

 

Quer dizer: antes, vivíamos na era onde ter uma casa enorme, um carro chique e uma bela casa na praia era essencial. Entretanto, nas novas gerações, a coisa é mais líquida e flexível. Nos dias atuais, muitos pensam que alugar um apartamento para ter a liberdade de mudar de lar quando quiser é a melhor escolha de vida. Por isso, é fundamental entendermos a importância de equilibrar os investimentos a curto, médio e longo prazo.

 Portanto, faça uma planilha com essas perspectivas e desenhe um mindsetmostrando como você pode executá-la. Planeje desde a compra da pizza do final de semana , do ingresso pro show do mês até chegar no carro ou casa nova. 

5-)  Planejamento, disciplina e comprometimento 

Temos mais uma questão que todos nós já fomos educados, mas poucos são inteligentes financeiramente para executar.  Planejar os gastos, ter disciplina e comprometimento para realizá-los é a chavinha que temos que girar no cérebro, com o intuito de deixar de ser apenas um sujeito educado financeiramente, para nos transformar em um inteligente financeiro. 

Por isso, é fundamental perceber as vantagens de tal disciplina. Para isso, precisamos encontrar o nosso modelo de inteligência financeira. Como tudo na vida, temos que aprender o melhor jeito de desenvolver nossas habilidades para ter independência financeira. 

Assim sendo, não basta copiar o João que passou 10 anos juntando dinheiro para comprar um carro, deixando de ir à academia. Se você não vive sem academia, seja flexível e busque o seu jeito de guardar a mesma quantia. Ou seja: Procure a sua inteligência financeira! 

Inteligência financeira no terceiro setor 

Com o intuito de ajudar você a ser mais inteligente financeiramente, fizemos esse apanhado de técnicas e dicas de inteligência financeira para chegar neste tópico e dizer, de novo: se você consegue manter a sua vida privada em ordem financeiramente, você terá mais chances de ter sucesso administrando o seu empreendimento social. 

Lógico que temos aqui coisas muito mais difíceis, que trabalharemos em breve, com posts específicos sobre finanças e o terceiro setor. Mas, queremos que o empreendedor social entenda que, da mesma forma que uma mãe tem que usar criatividade, disciplina e planejamento pra dar comida para os seus filhos, ele deve ter para manter o seu projeto de pé. 

 

Então, vamos dar um exemplo simples:  

Imagine que daqui há algum tempo as suas doações cessaram. Por isso, você perdeu parceiros com a crise, doadores físicos e não tem mais para onde correr. Dessa forma, você vai se perguntar: Por que eu não tentei algo diferente? Será que eu tinha que ter ficado preso aos valores tradicionais? 

Claro que não! Assim como a mãe desempregada começa a vender doces de porta em porta, reinventando a sua economia, você também deve ter planos b,c  ou d para as finanças do seu empreendedorismo. Afinal de contas, você não pode dizer para a criança que depende da sua oficina de capoeira que a fonte secou, certo? 

Por fim, vamos dar como exemplo algo que estamos tentando fazer aqui na Gerando Falcões. 

Inteligência Financeira e nosso Bazar Social 

 

inteligência financeira 2

Depois do sucesso da cesta digital, ficamos pensando muito em como fazer a economia circular. Queríamos ser inteligentes financeiramente. Afinal de contas, o cartão digital fez com que o dinheiro circulasse dentro das favelas.  

Tudo isso fez com que pensássemos em como fazer a economia da Gerando Falcões circular. Queremos muito receber doações, ter nossos parceiros ao nosso lado. Mas, ficamos nos perguntando: E se a fonte secar? E se a crise fizer com que a doação não chegue? 

 

Bazar Gerando Falcões

Planejando e criando muito, pensamos em algo que já fazíamos por aqui há alguns anos. Sempre fizemos bazares, com produtos doados e recebidos de empresas. Tudo, com o propósito de revender os produtos por um valor baixo para a população de Poá. 

Porém, por que não transformar esse bazar em algo fixo? 

Pois, com ele, podemos garantir uma receita para a Gerando Falcões, que fará com que a mãe que vende doces possa comprar um fogão usado de ótima qualidade, por um preço baixo. Assim, com esse fogão, ela poderá fazer mais e melhores doces, aumentando as suas vendas. 

Por consequência do aumento das vendas, ela vai conseguir comprar mais do mercado que está afundado na crise da pandemia. Por causa disso, no mercado, mais um funcionário não será demitido. Assim sendo, ele vai para o bazar comprar um tênis de marca, por um preço acessível. 

Outro ponto que pensamos foi a geração de empregos. Para isso, a ideia é que os funcionários do bazar sejam todos das favelas. Com isso, estaremos vendendo o produto, para gerar empregos e trazer receita para uma família – que, eventualmente, pode até ser a mesma que comprou o produto. 

Dessa forma, faremos a economia circular, trazendo dinheiro e recursos para todos da comunidade! 

 

Fazer o Bem Faz Bem!

Para saber como fazer a sua doação para o bazar beneficente, clique aqui

O que você vai fazer na sua ONG? 

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Confira também: Como doar móveis usados  | Curso de ESG da Gerando Falcões


#tamojunto 

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