Transformação Digital e o terceiro setor

A transformação digital é o uso da tecnologia de dados para executar mais tarefas analógicas com  dispositivos digitais. Então, estamos falando do aplicativo de rotas de trânsito ao invés do mapa gigante voando pela janela do seu carro, enquanto você tenta apagar o cigarro.

Mas não é só isso. O principal desafio da transformação digital é trazer os dados e a capacidade dos computadores para dentro da área de inteligência humana, poupando cada vez mais o homem de funções repetitivas. Assim, poderemos poupar tempo para usá-la em atividades, digamos, mais criativas.

Porém, para uma parcela da população, isso vai acabar com várias áreas de trabalho, enquanto  abrirá possibilidade de novos empregos. Segundo especialistas, o processo é muito parecido com o que aconteceu na terceira revolução industrial, quando a eletrônica entrou no jogo, fazendo com que milhões de áreas sumissem do mercado.

Por isso, para entender a transformação digital, temos que entender um pouco da história da indústria como um todo.

Transformação digital e as 3 revoluções industriais

Antes da transformação digital, do celular, do aplicativo de comida ou do robô que varre a casa sozinho, o homem teve que inventar a máquina. Assim, foi na Inglaterra do século XIX que surgiram as primeiras máquinas a vapor. As primeiras máquinas mais fortes do que um animal.

 

 

Então, foi nesse período que ocorreu o êxodo rural, com a saída de trabalhadores ingleses e de outros países do campo para a cidade. O processo aconteceu de forma desordenada e com várias sequelas que duram até hoje, como, por exemplo, o início das favelas.

O fordismo e a segunda fase da Revolução Industrial (1850-1914)

Neste período, temos um ponto-chave para entender a revolução industrial. As linhas de produção surgiram a partir da primeira grande tecnologia inventada pelo homem: a luz elétrica.

Com ela, as indústrias começaram a se modernizar, criando as primeiras máquinas de linhas de montagem, iniciadas por Henry Ford. Era simples: vários funcionários, em fileiras, faziam trabalhos mecânicos. A máquina se movia lentamente, enquanto cada um colocava uma peça ou apertava um parafuso para que, no final, um produto estivesse pronto.

 

 

Mas a segunda fase não ficou conhecida apenas pelo carro. Nela, também surgiram produtos como o telefone, as redes elétricas, a lâmpada, os motores e a indústria naval.

A terceira fase e o início da transformação tecnológica (1950 até: Hoje?)

Na terceira fase da revolução industrial, começam os primeiros sinais de transformação digital, pois ela veio  junto da eletrônica. Assim, as linhas de produção foram dizimadas. Nesse sentido, ao invés de um homem para apertar cada parafuso, você tinha uma máquina que apertava todos de uma só vez.

Por isso, com a terceira fase veio o desemprego em massa. Milhares de trabalhadores, acostumados a funções mecânicas, se viram sem futuro. Além disso, temos que lembrar que estamos no pós-segunda guerra mundial, com a Europa aos trapos pelas batalhas de Hitler e seus capangas.

Porém, nessa época, também tivemos os primeiros empregos da área de TI ( Tecnologia da Informação), como programadores e técnicos de informática.

Revolução 4.0 e a transformação digital

Chegamos lá. Ou, melhor dizendo, chegamos no aqui e agora. Chegamos ao nosso mundo. Pode não parecer, mas a quarta revolução industrial está acontecendo agora, neste exato momento, enquanto alguns de vocês leem estas linhas pelo celular, esperando a pizza que pediram pelo aplicativo chegar.

Aliás, uma prova cabal de que a transformação digital está acontecendo – além do fato de você poder, com um celular, pedir uma pizza, ler um texto e ouvir música ao mesmo tempo-, vem de um dado muito simples; porém, extremamente complexo:

Você sabia que o seu celular tem mais tecnologia do que os computadores que levaram o homem à lua?

 

 

Sim, o pequeno passo para o homem era menor em capacidade de armazenamento de dados e tecnologia do que o aparelho que você usa pra ouvir música, ler meus textos e procurar namorad@. Assim, podemos  ver como a revolução 4.0 chegou e já está causando, como as outras, estragos e benefícios para o mundo.

Antes da transformação digital, uma transformação cultural

Então, chegamos a uma divisão. Para o sociólogo Baumann, o mundo passou de sólido para líquido depois da terceira revolução, mas, com a quarta, ele será aéreo. Resumindo: antes tudo era concreto (família, emprego, cidade, igreja), tudo em princípios extremamente consolidados. 

Entretanto, agora, tudo é mais líquido, maleável e alterável. É só pensar em como os produtos em geral – não só os digitais -, ficaram menos duráveis com o passar dos anos. Móveis,  carros e tantos outros têm um prazo de validade menor. Para alguns especialistas, os dados da transformação digital são o novo “petróleo”.

 

transformação digital

Mas não basta apenas criar redes sociais, fazer vídeos para o youtube ou usar programas e aplicativos para facilitar o trabalho de todas as áreas de sua empresa. Além disso, é importante que a transformação digital seja parte da cultura organizacional. É importante que isso  vire  algo comum e típico para a empresa e seus funcionários.

Aliás, é importante ressaltar que a transformação digital não acontece sem a transformação cultural. Isso porque é no trabalho de formiguinha de criar uma nova forma de pensamento de tudo o que acontece ao nosso redor que a cultura se transforma. Portanto, não adianta só mandar um e-mail dizendo: “viramos digitais”.

 

Transformação digital e o terceiro setor

Filantropia: a palavra que dá vida às ONGs tem, na sua essência, o amor. Esse amor à humanidade, onde causas sociais mobilizam grupos de pessoas a criarem ações de assistência social, Assim, a transformação digital ajuda na transparência com o dinheiro doado e as ações de impacto social realizadas por organizações do terceiro setor.

Então, para que as ações de assistência social sejam mais transparentes e assertivas, a utilização de dados e tecnologia é cada vez mais importante. Tudo isso, para trazer visibilidade externa, bem como a utilização de informações que colaboram nas tomadas de decisões.

Entretanto, apesar dos benefícios, a inserção de tecnologia e dados podem trazer receios de perder a essência da organização. Além disso, podem dar insegurança de não saber lidar com essa nova forma de atuação.

Então, para acalmar um pouco, vamos dar um exemplo de como uma ONG norte-americana utiliza a transformação digital

Um exemplo de transformação digital no terceiro setor

Um exemplo de transformação digital no mundo das ONGs é o Food bank – Capital Area – ONG dos EUA que utiliza dados para para aumento do impacto social.

Pois, por meio dos dados e da tecnologia, montaram o mapa da fome por estado. Assim, foi  possível ter clareza sobre o custo da comida, a taxa de vulnerabilidade das pessoas naquele estado, entre outros dados que permitem uma tomada de decisão nas necessidades específicas de cada região. Com isso, era mais assertivo na distribuição de comida para quem realmente precisa, potencializando o impacto social. 

Transformação digital na Gerando Falcões

A Gerando Falcões resolveu ser a vanguarda do empreendedorismo social no Brasil, utilizando, desde o início, tecnologia de forma gratuita para conseguir vender o livro, marcar palestras nas escolas ou levar a mensagem da Gerando Falcões nas favelas de São Paulo. 

inovação social 4

Mas, à medida que foi crescendo, também viu a necessidade de adquirir computadores, mesmo que usados, para fazer postagens em mídias sociais, organização de agendas, divulgação para a captação de recursos. 

Assim, mesmo sem grandes recursos, desde o início, havia a necessidade de usar a tecnologia para viabilizar as ações. Então, foi agindo pequeno, mas sonhando grande, que ela foi se estruturando, implantando o uso de planilhas para controle, diário de bordo, entre outras pequenas ferramentas que ajudaram a estruturar a sua expansão.  

 

Um voo digital 

Então, em 2020, estabeleceu a meta de alcançar 100 unidades aceleradas, 540 líderes sociais formados pela Falcons University, em 1200 favelas no Brasil. Por si só, esse grande desafio necessitava do uso de mais tecnologia e consumo de dados.

Mas, com a chegada da pandemia, a transformação digital que estava acontecendo de forma gradual, fez uma grande expansão para conseguir atingir as famílias que estavam passando fome na favela. Assim, foram feitas ações como: 

  • Utilização de cartão alimentação para a distribuição de cesta básica
  • Implantação de sistemas no Financeiro + RH + na Prestação de Contas das Aceleradas, aumentando a transparência dos processos
  • Estruturação da área de dados e construção do Data Lake – um armazenamento dos dados da GF
  • Bolsa Digital #DoeuumFuturo
  • Mídias Sociais com analytics, utilizando dados para aumentar a visibilidade da GF e assim conseguir captar mais doações
  • Falcons University – Seleção e formação dos líderes sociais e dos Jovens totalmente digital, ajudando a compreender onde a GF consegue ajudá-los a se desenvolver ainda mais. 

 

Mas não para por aí!

Logo mais, teremos a favela inteligente, que tem o objetivo de fazer parcerias com o setor público e privado para o redesenho de favelas, dando um passo grande para colocar a favela no museu e transformar digitalmente o terceiro setor.

Confira também: O que é filantropia?

 

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