desigualdade educacional desigualdade social Educação Falcons University

Confira os impactos da desigualdade educacional no Brasil

Discutir educação no Brasil é a nossa obrigação enquanto sociedade. Essa área do país apresenta desafios financeiros, sociais e culturais com diferentes desigualdades, principalmente em relação ao ensino público, que requerem soluções rápidas. 

O acesso à escola, por exemplo, não garante o aprendizado, pois muitos alunos desenvolvem o analfabetismo funcional no futuro. Algumas instituições precisam lidar diariamente com a falta de material escolar, merenda e infraestrutura adequada. 

Não dar a oportunidade de uma educação básica de qualidade para todos gera consequências graves para a população, principalmente para quem vive em maior situação de vulnerabilidade. 

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Combate à pobreza desigualdade social empreendedorismo Favela

Rebeldes com causa

O trabalho do terceiro setor só existe graças aos empreendedores sociais. Toda forma de engajamento é importante, mas são esses indivíduos, cujo escritório fica dentro da favela, que viabilizam o combate à pobreza nos quatro cantos do país.

Eles têm algo que não pode ser comprado ou simulado: a vivência no território. São líderes que conhecem pelo nome as famílias mais pobres das suas quebradas. Lembram a cor da casa de cada uma delas e sabem dizer se o chão ali é de terra batida ou de piso. Quando alguma criança não consegue vaga na creche, ou quando alguém descobre um problema de saúde, prontamente a notícia chega à sua atenção.

O “olho no olho” com a população local coloca esses empreendedores em uma posição destacada para criar soluções disruptivas de combate à pobreza. Eles são nossos maiores inventores – nossos “rebeldes”, “encrenqueiros”, como gostava de definir Steve Jobs. Dia após dia, eles desenvolvem tecnologias sociais pioneiras. Com coragem, baseados em sua vivência prática, sem medo de errar e aprender, eles testam cotidianamente jeitos inovadores de desarmar a bomba relógio da pobreza e da desigualdade.

Por isso é tão importante valorizar seu trabalho. Uma das metas da Gerando Falcões é identificar essas pessoas extraordinárias e ajudá-las a acelerar suas habilidades. Nosso braço educacional, a Falcons University, existe justamente para que as ONGs da rede possam construir modelos de gestão mais profissionais, em linha com o que as grandes empresas praticam, e desenvolver plenamente as competências sociais e emocionais de suas lideranças.

Mas isso não basta. É preciso convencer a sociedade do verdadeiro tesouro que os empreendedores sociais representam. O Brasil segue preso a um modelo tradicional, ultrapassado, de dinheiro pelo dinheiro, a qualquer custo. Medidos por critérios estritamente financeiros, esses líderes comunitários, de fato, não têm ainda muita expressão. Trato aqui de pessoas que muitas vezes precisam decidir se pagam o aluguel ou a conta de luz atrasada de suas ONGs. Seus “empreendimentos” não estão listados na Bolsa de Valores.

No entanto, se houvesse uma bolsa que negocia o valor social e ambiental das instituições, não tenho dúvida de que o IPO dessas ONGs bateria recordes. É essa mensagem – cada vez mais consensual entre os próprios agentes do mercado em todo o mundo – que precisamos reforçar no Brasil.

O Encontro Nacional de Favelas, realizado nesta semana em São Paulo, será uma boa oportunidade para isso. O evento reúne cerca de 600 líderes sociais de todas as regiões do país. Por meio da arte, da poesia, da música e, principalmente, das histórias inspiradoras dessas pessoas, vamos (re)aprender como é possível, sim, construir novas maneiras de construir o enfrentamento às desigualdades.

Esses líderes são a prova de que o Brasil precisa valorizar mais a sua gente. Eles representam um país vibrante, criativo, generoso e não podem ficar esquecidos. Esses são, afinal, nossos grandes inventores. Enquanto alguns dos melhores cérebros do mundo recebem todo o suporte necessário para concretizar o sonho de colonizar Marte, nossos “rebeldes” e “encrenqueiros” precisam de ainda mais apoio para cumprir uma missão bem mais urgente: transformar a pobreza da favela em peça de museu

coluna edu

corrida social desigualdade social Favela 3D Tecnologia Social viagem

Partiu Marte

No mês que vem, embarco em direção a Marte. Estarei acompanhado por uma tripulação de cerca de 140 pessoas, entre executivos, empreendedores, formadores de opinião, artistas e líderes sociais. A viagem será curta: devemos pisar o solo avermelhado e pedregoso uma hora e meia após a decolagem.

Meu destino é a Favela Marte, em São José do Rio Preto (SP), onde a Gerando Falcões está implementado o programa Favela 3D — digital, digna e desenvolvida. Deixo a conquista do planeta para Elon Musk e seus incríveis engenheiros da SpaceX, dedicados a uma corrida espacial que envolve bilhões de dólares. Nossa corrida é social.

Não temos uma fração da capacidade de investimento de uma Nasa, claro, mas conseguimos costurar um acordo entre o governo de São Paulo, a prefeitura da cidade e a iniciativa privada para financiar o desenvolvimento humano e social daquela comunidade. Serão R$ 52 milhões aplicados com o objetivo central de descobrir maneiras novas e eficientes de superar a pobreza. Tudo decidido com a participação ativa de representantes da favela, que dividiram a mesa de negociações com o governador João Doria e o prefeito Edinho Araújo.

Como o planeta, a favela com chão de terra vermelha oferece um ambiente hostil à vida. Não há água potável nem energia elétrica. Não há saneamento básico, nem espaços que garantam a sobrevivência humana digna. Até a infraestrutura pública se equipara à do planeta — é inexistente.

Ora, é inaceitável que as periferias brasileiras sejam quase tão inóspitas quanto um distante corpo celeste. No projeto da nossa Marte, sob liderança de Amanda Oliveira e Benvindo Nery, os símbolos da pobreza extrema serão derrubados, dando lugar a casas com placas solares, praças com wi-fi, laboratórios avançados de formação humana, espaços de cultura, lazer e esporte. A população terá acesso a cuidados de saúde para a primeira infância, a uma horta urbana, a empreendimentos comunitários.

Porém, antes de aplicarmos o melhor da tecnologia social à transformação da realidade da Marte, é preciso que os atores sociais de fora conheçam como a favela é hoje. Em primeiro lugar, para entender a importância do investimento em políticas de superação da pobreza. Em segundo, para que possam voltar lá em 2023 e avaliar a profundidade das mudanças. Por isso levo uma tripulação tão numerosa.

O Favela 3D, implementado como projeto-piloto, é nossa plataforma de lançamento para a corrida social. Nada contra aqueles que se dedicam à corrida espacial. Pelo contrário, admiro sua ousadia e compreendo a importância dessas empreitadas para o desenvolvimento científico e tecnológico da humanidade.

Mas é uma questão de prioridades. Em julho de 1969, como mostra o documentário “Summer of Soul”, candidato ao Oscar, os milhares de negros reunidos no Festival Cultural do Harlem estavam mais preocupados com a penúria em que viviam naquela quebrada de Nova York do que com a chegada do homem à Lua.

Aqui e agora é a mesma coisa. Marte, o planeta, pode esperar. Marte, a favela, não. Quem tem fome — de “comida, diversão e arte” — tem pressa.

Coluna publicada no dia 15/02 no Jornal O Globo

 

desigualdade social Gato de energia elétrica urbanização

Gato de energia elétrica: como funciona?

A fraude de energia elétrica, mais conhecida como “gato”, é uma prática comum entre a população de baixa renda, principalmente com o valor da energia elétrica em ascensão nos últimos dois anos. Ele consiste em fraudes no relógio medidor ou em ligações diretas no poste de energia.

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desigualdade social Favela preconceito Racismo

Pedras de esperança

No ano passado, visitei em Washington o memorial de Martin Luther King, o ativista pelos direitos civis dos negros americanos que se tornou um dos maiores líderes de causas sociais do século XX. Exposta num parque, a enorme rocha de granito de onde emerge sua figura recortada nos obriga a elevar o olhar. Na lateral, lê-se: “Da montanha de desespero, [surge uma] pedra de esperança”. É um trecho do famoso discurso em que ele falava do seu sonho de ver negros e brancos convivendo harmonicamente.

Não deixa de ser simbólico que o monumento tenha sido inaugurado, em 2011, por Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos — um país que, como o Brasil, tem sua história manchada pela escravidão. Foram sementes plantadas por lideranças lúcidas e corajosas como Luther King que permitiram ao país superar leis de segregação que vigoraram até poucas décadas atrás.

A visita me levou a refletir sobre nossa situação. Vivemos num país racista. Sei, até por experiência própria, que é raro um negro que não tenha sido vítima de uma humilhante história de racismo. Feita a constatação, porém, é o caso de perguntar: quais pedras de esperança deixaremos às próximas gerações, para que elas construam edifícios sociais menos desiguais e injustos?

A tarefa é árdua, temos que lidar com uma herança maldita de séculos. Estou lendo com grande interesse o primeiro volume de “Escravidão”, de Laurentino Gomes, e aprendendo sobre as origens das mazelas sociais brasileiras.

Violência urbana e desigualdade racial

A escravidão de africanos não é comparável a escravidões anteriores descritas pela história. O componente racial, o caráter comercial, a escala industrial, tudo isso tornou a escravidão de negros um fenômeno tão único quanto abjeto. Ao longo dos séculos, 12 milhões de seres humanos foram sequestrados e traficados para as Américas. Desses, cerca de 5 milhões vieram para cá. O Brasil extinguiu formalmente a escravidão com a Lei Áurea, em 1888, mas nunca se preocupou em fazer a inclusão social da população negra.

Saiba mais sobre Os Direitos Humanos no Brasil

Os resultados dessa escolha são visíveis ainda hoje a qualquer um que tenha um mínimo de sensibilidade social. As estatísticas são eloquentes. Embora os negros sejam 54% da população, representam 78% do décimo mais pobre dos brasileiros. No alto da pirâmide social, a situação se inverte: entre o 1% mais rico da população, nem 18% são negros.

E mais: a grande maioria dos profissionais com maior qualificação, como engenheiros, médicos e advogados, é branca. Nas 500 maiores empresas do país, negros ocupam 4,7% dos cargos de direção e 6,3% dos cargos de gerência. Pouco mais que 9% da população negra tem pelo menos 12 anos de estudo (em comparação a 22% dos brancos). Além disso, num país violento como o nosso, um homem negro tem oito vezes mais chance de ser vítima de homicídio que um homem branco.

Luther King foi uma pedra de esperança para a população negra dos Estados Unidos. Precisamos, da mesma maneira, tirar uma lasca da nossa montanha de desespero e ajudar a construir um futuro melhor para todos, independentemente da cor da pele de cada um.

Coluna publicada no jornal O Globo 01/02/2022

Combate à pobreza desigualdade social Doar

Pessoas carentes: como ajudar de um jeito único?

Ajudar pessoas carentes é uma das ações que guiam a humanidade desde o seu surgimento. A filantropia começou com as igrejas em ações emergenciais. Porém, enquanto a sociedade foi se modernizando, diversas instituições foram sendo criadas e passaram a se profissionalizar.

Por isso, nos dias de hoje, as doações são meios profissionais e gabaritados de ajudar o próximo e nós mesmos. Isso porque, como você já deve ter lido em diversos lugares, fazer o bem libera substâncias, como a dopamina e serotonina, que causam prazer imediato no cérebro.

E dessa forma, ao ajudar pessoas carentes ou em situações de vulnerabilidades, acabamos de alguma maneira liberando esse mesmo tipo de substância, só que diferente, mais prazerosa e se sentindo bem em saber que a pessoa ajudada será beneficiada por a sua ação.

Leia agora: Responsabilidade social: uma necessidade, não um favor

Neste post, vou mostrar 3 maneiras que muitos não levam em conta quando pensam em como ajudar as pessoas carentes, além de 2 métodos convencionais de doação que às vezes passam batido na correria do dia a dia.

Espero que você saia daqui com uma ideia na cabeça e uma doação na mão.

Você pode ajudar pessoas carentes com cabelo

Estamos acostumados com a cena do idoso colocando sua peruca depois de velho para encantar a senhora ao lado. A peruca é vista por muitos como algo inusitado, do humor. Entretanto, temos pessoas ao nosso lado que sonham com um pouco de cabelo. Entre os mais necessitados, estão pacientes que lutam contra o câncer.

Segundo o Centro de Combate ao Câncer (CCC), os remédios utilizados durante a quimioterapia eliminam as células cancerígenas do organismo. Por outro lado, elas não distinguem as células boas ou cancerígenas, causando vários efeitos colaterais, físicos ou emocionais.

 imagem de uma voluntária tendo o cabelo cortado por uma cabeleireira simulando doar os cabelos para ajudar pessoas necessitadas

A recuperação do cabelo ajuda os pacientes a reerguerem sua autoestima, diminuindo outros sintomas do tratamento, como, por exemplo, a ansiedade.

Existem várias instituições espalhadas pelo Brasil que recebem cabelos. A maioria delas requisita que o doador informe o cabeleireiro que o corte será doado. Assim, ele vai poder cortar e armazenar o cabelo da forma adequada. 

Fique esperto, pois, se doar cabelo molhado, pode ser que a doação tenha que ir para o lixo.

Confira mais sobre doação capilar no site da Organização Rapunzel.

Você pode ajudar crianças carentes com leite materno

Outro ponto que poucas pessoas lembram quando falamos em como ajudar pessoas carentes diz respeito ao leite materno. Os hospitais do Brasil e do mundo imploram por leite materno para crianças órfãs ou que nascem de mães com baixa produção de leite.

Além de ajudar pessoas carentes, doar leite é recomendado pois evita o desenvolvimento de câncer de mama. Além disso, cada 1 litro de leite materno pode alimentar mais de 10 bebês internados. Isso porque a quantidade de leite de que cada bebê precisa varia dependendo do peso ou idade dele.

Outro ponto é que, ao doar, a mãe aumenta sua própria produção de leite devido ao estímulo que acontece no corpo depois de retirá-lo. Assim, a mãe não precisa se preocupar com a falta de leite para o seu próprio bebê.

Agora, é só procurar o hospital mais próximo e ajudar uma criança carente de leite a ter a chance de uma vida melhor.

Ajude pessoas carentes doando seu valioso tempo

Na era moderna, em meio a redes sociais, trabalho, família, trânsito e diversão, o tempo é, cada vez mais, um dos bens mais valiosos da humanidade. Portanto, doar nosso sagrado e valioso tempo é um método de fazer o bem.

Leia agora: 5 motivos para virar voluntário

O voluntariado faz com que você ajude o próximo e a si mesmo. Isso porque, além de ensinar, podemos aprender muito no convívio e troca de experiências com nossos semelhantes. Na Gerando Falcões, você pode ser voluntário de diversas formas. Uma delas é no nosso Programa de Mentoria.

imagem de um casal carregando tijolos simulando ajudar pessoas necessitadas

No Programa de Mentoria, você pode ajudar pessoas carentes sendo o guia de líderes sociais e jovens em busca de um horizonte. Com apenas 1 hora por semana, você pode ajudar um jovem a decidir o seu futuro profissional e orientá-lo nos dilemas da vida. Com 4 horas, você ajuda um líder social a guiar sua Favela de maneira profissional.

Vire um mentor agora!

Ajude pessoas carentes com alimentos

Infelizmente, a falta de alimentação ainda é um mal no Brasil e no mundo. Porém, não há falta de produção de alimentos, mas, sim, de alimentos para todos. Segundo matéria da BBC:

“O chamado Índice de Desperdício de Alimentos 2021 apresenta um número quase assustador: em 2019, foram 931 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados. Isso sugere que 17% da produção total de alimentos do mundo foram para o lixo.”

 imagem de uma pessoa com as mãos estendidas como se estivesse pedindo comida

Então, não estamos falando apenas de comprar e doar alimentos, mas, sim, de ajudar pessoas carentes com alimentos que vão da geladeira para o lixo. Tenho certeza de que, na próxima vez em que você for pegar o doce da madrugada, vai lembrar de doar aquela bolacha largada no fundo do armário.

Você pode ajudar com roupas, livros, móveis e objetos usados

Falando em desperdício: já parou para pensar em quantas roupas, livros, móveis e sapatos também estão parados na sua casa esperando por um novo lar?

Doar objetos é um jeito de fazer a limpa no nosso lar e ajudar pessoas carentes. Alguns até aderem à corrente minimalista depois de se desfazerem de objetos que só faziam volume na sua casa.

 imagem de um grupo de pessoas embalando roupas para ajudar pessoas necessitadas

Na Gerando Falcões, temos o nosso Bazar. Recebemos doações dos mais diversos objetos e vendemos os produtos até 70% abaixo do valor do mercado tradicional. Isso para fazer a economia da Favela circular e ajudar pessoas. Assim, queremos dar a chance para todos adquirem produtos que não passavam pelos seus mais belos sonhos.

Confira tudo sobre o nosso bazar!

imagem com o texto: “Gostou? Não esquece de curtir, compartilhar e comentar nas suas redes. Juntos, vamos fazer esse blog voa!”

Combate à pobreza desigualdade social Favela

O que é vulnerabilidade social?

Em primeiro lugar, o conceito de vulnerabilidade social é multifacetado, complexo e diz respeito ao contexto econômico e social de determinado indivíduo ou grupo, relacionado ao seu nível de fragilidade moral e/ou material. Então, pode-se dizer que uma pessoa não nasce vulnerável, mas torna-se pela falta de acesso e apoio da sociedade e do governo.  

De acordo com todas as compreensões do termo, existem diversos processos de exclusão social até a violação dos direitos desses indivíduos e grupos. Isso de acordo com o nível de renda, a localização geográfica, saúde, educação, etc. 

Entretanto a vulnerabilidade social define-se por pobreza, privação, fragilização de vínculos afetivo-relacionais e de pertencimento social. Além disso, a situação de vulnerabilidade social tem relação direta com o resultado negativo entre a estrutura material e o acesso a oportunidades socioeconômicas e culturais que provêm da sociedade, do mercado de trabalho e do Estado. Desse modo existem alguns tipos de vulnerabilidade social, destacados a seguir.

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desigualdade social empreendedorismo

Empreendedorismo social: saiba como lucro e propósito andam de mãos dadas

A utilização do termo empreendedor social começou entre os séculos XIX e XX com a promoção de avanços sociais por meio de iniciativas privadas. Entretanto, o pioneiro do termo empreendedorismo social foi Bill Drayton.

Em 1980, Drayton popularizou o termo com as primeiras ações sociais da Ashoka, organização fundada pelo americano na Índia. Assim, começou o movimento que transformou a sociedade.

A principal função do empreendedorismo social é o impacto social causado por meio da criação de alternativas dentro do mundo corporativo para transformar vidas. Isso ocorre com a promoção de benefícios sociais, econômicos e políticos.

Essa nova potência transformadora vem gerando empreendedores, mudando seus olhares e o comportamento das empresas. Agora, todos querem firmar parcerias e financiar organizações sociais. Além disso, temos a criação de organizações independentes, que viram no empreendedorismo social uma forma de gerar receita e fazer o bem para a sociedade.

O empreendedorismo social em Bangladesh 

Outro precursor do empreendedorismo social foi o ganhador do prêmio Nobel da Paz de 2006, Muhammad Yunus, que fundou em 1976 o Grameen Bank

Assim nascia uma das primeiras iniciativas sociais em que pessoas sem renda poderiam pegar um pequeno empréstimo, chamado de microcrédito. O retorno do valor não é garantido, mas a maioria dos clientes paga sua dívida.

mulher com blusa rosa segurando notas de dinheiro

O Grameen Bank já beneficiou quase 10 milhões de pessoas (97% mulheres) para sair da pobreza. Além disso, o programa utiliza a economia circular como pilar. Todo o dinheiro devolvido pela população é reinvestido em projetos de outras pessoas.

Empreendedorismo x Empreendedorismo Social 

Inicialmente, define-se empreendedorismo como um conjunto de hábitos e características baseadas na captação de renda e criação de negócios únicos e inovadores. Ou seja: o foco do empreendedorismo é exclusivamente gerar renda para projetos inovadores ou únicos. 

Dessa forma, o empreendedorismo social é formado por negócios com propósitos inovadores que têm um viés social. Neles, o objetivo principal das empresas é impactar positivamente a sociedade. Assim sendo, o empreendedorismo social é uma ligação entre ações empreendedoras de valor social e o lucro.      

Quais são as principais características do empreendedorismo social?

Dentre as principais características do empreendedorismo social, destacam-se as ações em comunidades locais com o intuito de combater problemas sociais. Outro ponto são as soluções de grandes problemas por meio do trabalho social a longo prazo. 

principais características do empreendedorismo social

Além disso, há 3 pilares centrais que caracterizam o empreendedorismo social:  

1. Identificação 

Primeiramente, é preciso identificar qual é o problema dentro da sociedade que será o foco do empreendimento social. 

2. Oportunidade

Assim que o problema for identificado, é possível definir quais oportunidades podem equilibrar essa situação e, por fim, criar um projeto com cunho para motivar os indivíduos. 

3. Estabilidade 

Após a identificação do problema e criação do projeto, é necessário elaborar as ações dentro da empresa. As ações vão contribuir socialmente para transformar vidas em situação de vulnerabilidade dentro da sociedade. 

Contudo, outros fatores são necessários para definir o empreendedorismo como social. Isso porque é preciso que seja inovador, realizável e autossustentável. Além disso, é preciso que envolva várias pessoas e segmentos da sociedade para promover impacto social. 

A chegada do empreendedorismo social no cenário brasileiro 

No Brasil, a Ashoka Empreendedorismo Social chegou em 1986, dando início aos negócios de impacto social a fim de promover avanços na sociedade brasileira.

Porém, a primeira ação de destaque foi o Comitê de Democratização da Informática (CDI), atual Recode, criado por Rodrigo Baggio em 1995. Rodrigo notou que a tecnologia da informática seria um divisor de águas para combater a exclusão social, unindo jovens de todas as classes sociais.

A chegada do empreendedorismo social no cenário brasileiro

Contudo, apenas jovens da classe alta tinham acesso a computadores. Foi assim que Baggio criou a solução na favela da Dona Marta (RJ). Ali, jovens da periferia teriam acesso à primeira escola de informática na favela, sendo incluídos social e digitalmente.

Hoje, a Recode (antiga CDI) possui mil centros de empoderamento digital em 9 países, gerando impacto social para mais de 1,8 milhão de pessoas. 

Exemplos de projetos que praticam o empreendedorismo social no Brasil 

Nos últimos anos, o empreendedorismo social cresceu muito no Brasil. Veja algumas organizações que estão lutando por um futuro melhor.

Rede Cidadã 

Criada em 2002, a Rede Cidadã é uma entidade de assistência social que atua para desenvolver soluções para que trabalho e renda sejam criados para pessoas que estão na base da pirâmide. Os programas e projetos criados são permanentes e unem sociedade civil, empresas e órgãos públicos.   

Projeto ICA

Fundado em 1997, em Mogi Mirim, por Sofia Mazon, esse projeto se apresenta como um espaço que valoriza o ser humano. O ICA promove o autoconhecimento, autoestima e senso crítico mais consciente de crianças e jovens das comunidades. Dentre os principais pilares do programa, encontram-se o atendimento à criança, educação, arte, dança e palestras. 

Entre os inovadores sociais que realizam tais ações e investem o lucro obtido na sociedade, além de Eduardo Lyra, podemos falar sobre o trabalho do empreendedor social Preto Zezé. 

Como o empreendedorismo social da CUFA impacta a desigualdade social brasileiro?   

Criado nos asfaltos de terra da cidade de Fortaleza (CE), Preto Zezé é atualmente o presidente nacional da Central Única das Favelas (CUFA). Há mais de 20 anos realiza diversas atividades para promover a integração e inclusão social dos jovens das favelas do Brasil. 

A CUFA surgiu em 1999 na Cidade de Deus, favela do Rio de Janeiro. Hoje está presente em 5 mil favelas do Brasil e em mais de 15 países do mundo. 

Assim sendo, foi da união de vários jovens das favelas da cidade do Rio de Janeiro, envolvidos na cena da música Hip Hop, que a CUFA iniciou o seu trabalho. Em primeiro lugar, começou debatendo sobre a marginalização da cultura Hip Hop brasileira por parte da sociedade. 

Veja: Preto Zezé no Flow Podcast

A organização vem se desenvolvendo e aumentando a sua atuação no Brasil e no mundo por meio de ações de políticas socioculturais e cursos de formação profissional. Tudo isso por meio de contratos e parcerias com empresas privadas, fundações e o Estado. 

 Os novos negócios digitais do projeto vão de encontro com o compromisso da CUFA, que de acordo com Preto Zezé, é “o desejo da favela ser feliz, dos favelados protagonizarem algum momento de transformação das vidas para gerar felicidade”. 

Como a Gerando Falcões impacta o empreendedorismo social brasileiro? 

A Gerando Falcões possui inúmeras iniciativas inovadoras para contribuir positivamente com o impacto social na sociedade. Em primeiro lugar, damos a líderes sociais a chance de aprender como serem empreendedores de sucesso. Acreditamos que só assim vamos mandar a pobreza das favelas para o museu.

Veja alguns exemplos de projetos que estamos tocando atualmente: 

Falcons University

Em primeiro lugar, temos uma universidade feita na favela para a favela. A Falcons University é onde formamos líderes sociais de todo o Brasil. São empreendedores sociais que acreditam no fim da desigualdade social e querem aprender e se desenvolver como líderes e empreendedores.

edu lyra da gerando falcões sentado em uma sala conversando sobre empreendedorismo socia

Na Falcons, temos aulas que vão desde o aprendizado socioemocional, passando por Recursos Humanos (RH), financeiro e de gestão, tudo para que as favelas sejam comandadas por profissionais capacitados.

Favela 3D

Em segundo lugar, temos a Favela 3D – digna, digital e desenvolvida –, um projeto multissetorial, que busca a união de governo, iniciativa privada e população para construir favelas dignas, digitais e desenvolvidas. 

Atualmente, o projeto está presente em 4 favelas: Vergel do Lago (AL), Morro da Providência (RJ), Favela Marte (SJRP) e Boca do Sapo (SP).

Quer saber mais sobre Favela 3D e ser parceiro? Preencha o formulário e entraremos em contato com você! 

Bazar G.F. 

Nosso bazar conta com diversas peças de vestuário, calçados e eletrônicos com valores até 70% mais baratos do que os praticados no mercado tradicional. Além disso, todo o valor arrecadado nas vendas é revertido em investimento em programas de transformação nas periferias e favelas.

homem de máscara, vestindo verde, dentro do bazar da gerando falcões olhando uma peça de roupa

Nosso bazar também é uma escola para a formação de jovens aprendizes. Nele, nossos estudantes podem ter vivências profissionais para decidir qual é a melhor trajetória para a sua vida. Tudo isso com supervisão socioemocional e muito aprendizado.

Saiba como doar e ser um Anjo do nosso Bazar G.F.

Então: quer sonhar com a gente? Decole agora no foguete que vai colocar a pobreza das favelas no museu antes de Marte ser colonizado!

Confira também: Favela 3D | 5 curiosidades sobre a corrida espacial

imagem de compartilhamento do artigo empreendedorismo social

elenara souza redatora que escreveu o artigo sobre empreendedorismo social

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Competindo com robôs

Num mundo globalizado, é comum que decisões tomadas no Vale do Silício, em Pequim ou Bruxelas afetem mais nosso país do que aquelas saídas de Brasília. Ou que uma criação tecnológica patenteada por uma universidade alemã ou sul-coreana vire de cabeça para baixo o funcionamento da economia nacional. No debate sobre inovação, o Brasil ainda está em busca de um assento na mesa dos adultos, e essa falta de protagonismo nos coloca em posição de risco.

Para a população da favela, creio que o maior desses riscos é a automação. A substituição da mão de obra por robôs e drones multiplicará o rol de habilidades mínimas exigidas pelo mercado. Vagas em galpões, serviços de entrega e linhas de montagem desaparecerão, reduzindo a oferta de trabalho para quem tem menos escolaridade.

Veja :5 preconceitos que assombram a empregabilidade

A história de uma amiga, Talita Ribeiro, ilustra bem os riscos — mas também as oportunidades — da automação da economia. Recém-divorciada, ela se mudou para Delaware, nos Estados Unidos, e passou a trabalhar num armazém da Amazon. Conheceu gente do mundo inteiro, de todas as classes sociais. Ficou fascinada pelos robôs — braços de metal gigantes, articulados — e pelas esteiras, verdadeiras veias daquele organismo. Guiada pela curiosidade, entrou para um programa de aprendizado em mecatrônica e robótica mantido pela própria empresa. Era o início de uma nova carreira. Muitos cursos e muitas horas de estudo depois, hoje minha amiga — uma das poucas mulheres na sua área — é responsável pela manutenção dos robôs.

Talita pôde trilhar esse caminho porque teve incentivo para se qualificar. Mas disse estar preocupada com suas antigas colegas de trabalho — mulheres negras, latinas, imigrantes — que não poderiam conciliar uma rotina de estudos com seus dois ou três empregos. Está ciente de que, no médio prazo, o emprego dessas pessoas está sob risco.

Populações socialmente vulneráveis — do imigrante nos EUA ao morador de favela no Brasil — precisam de políticas públicas que garantam sua chance de requalificação profissional diante do tsunami da automação. Robôs são mais eficientes, o que é bom para o mundo dos negócios. Não há como competir com eles. O que temos de fazer é requalificar a mão de obra para as pessoas não se tornarem supérfluas nessa mudança inevitável.

Quando o escritor Yuval Harari esteve no Brasil, perguntei-lhe o que deveríamos ensinar hoje aos jovens das periferias. Yuval ponderou que é muito difícil pensar numa resposta, pois, dado o ritmo da evolução tecnológica, algo ensinado hoje poderá estar obsoleto em uma década. A possibilidade de erro é muito alta.

Ele então sugeriu que, antes de ensinarmos qualquer coisa, nos preocupássemos em ampliar o repertório emocional dos jovens, para que eles saibam lidar com a possibilidade, absolutamente real, de que suas profissões podem desaparecer em questão de anos — e, mesmo assim, tenham força interior para se reinventar e construir novas carreiras.

O Brasil tem pela frente esse grande e urgente desafio. Combater a pobreza, afinal, é também garantir que os jovens da periferia tenham condições de competir no ambiente cada vez mais tecnológico e automatizado que se desenha para as próximas décadas.

Texto publicado no Jornal O Globo, em 07/12

Confira também: Características do empreendedorismo social

 

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Algoritmos desigualdade social Tecnologia

A digitalização do combate à pobreza

Um país tão desigual quanto o Brasil não pode se contentar apenas com iniciativas pontuais de distribuição da riqueza. Ações limitadas podem melhorar o sono de quem as pratica, mas, enquanto sociedade, a única maneira de combater a pobreza é por meio do esforço coletivo. Precisamos superar a pobreza em escala. Para tanto, porém, devemos enfrentá-la também de forma personalizada. Parece contraditório, mas não é. Essa combinação entre a ação geral e individualizada é justamente uma das grandes novidades da era digital.

Gigantes como Google, Facebook, Amazon e Netflix descobriram e aperfeiçoaram essa fórmula há muito tempo. Por meio de algoritmos, essas empresas estudam os gostos e comportamentos de cada um dos usuários e lhes oferecem produtos e anúncios personalizados. Ora, por que não levar esse conhecimento à favela, para ajudar quem está na linha de frente do combate à miséria?

 

É o que estamos tentando fazer. Na semana em que comemoramos o Dia da Favela, a Gerando Falcões anunciou a criação do programa Decolagem, com uma tecnologia inédita de construção de trilhas individuais de superação da pobreza. O programa, dirigido pela Nina Rentel, é fruto de uma parceria com a Accenture, representada por Leonardo Framil, CEO para a América Latina, um líder que nunca deu as costas para a favela. Trata-se da empresa mais bem preparada para ajudar a favela nessa Missão X. Contamos também com um aporte da Fundação Lemann, de Jorge Paulo Lemann, que me apoia desde quando eu não tinha recursos nem para pagar o aluguel da sede da Gerando Falcões.

Confira nosso post sobre a transformação digital  no terceiro setor

O Decolagem reúne engenheiros e programadores focados na construção de algoritmos que permitam organizar os dados dos moradores das favelas. Queremos colocar nas mãos do terceiro setor o melhor da tecnologia de predição, análise comportamental e gestão de risco, já amplamente usada pelas gigantes do Vale do Silício.

O programa piloto irá reunir, por enquanto, dados de 500 famílias. Nosso objetivo é mapear as vulnerabilidades de cada uma delas. Queremos entender também suas perspectivas, para ajudá-las a aproveitar as oportunidades. Por fim, esperamos identificar antecipadamente situações que pudessem empurrar novamente essas famílias para a pobreza extrema.

O combate à pobreza no Brasil ainda é analógico. Pensamos em grandes programas sociais de transferência de renda – que são necessários, é claro, especialmente em momentos de crise aguda como a que atravessamos –, mas deixamos de refletir sobre um programa da era digital. Ou iremos nos contentar com modelos do século passado?

Contamos hoje com ferramentas que permitem combater a miséria e a desigualdade de maneira muito mais assertiva, com base em um universo de dados inimaginável até pouco tempo atrás. Precisamos ampliar, sim, nossas iniciativas, mas precisamos, sobretudo, de um salto qualitativo de eficiência.

Na Gerando Falcões, trabalhamos para derrubar muros e construir pontes. O programa Decolagem é mais uma dessas pontes, dessa vez entre a favela e o universo dos algoritmos e da tecnologia digital. Juntar criativos, engenheiros e empreendedores sociais pode acelerar o futuro. O povo da favela merece ver a ciência de foguete aplicada no combate à pobreza.

Coluna publicada no Jornal O Globo em 09/11/2021

Confira também: Características do empreendedorismo social

desigualdade social urbanização Violência urbana

5 fatos da sociedade que demonstram a desigualdade social

A desigualdade social é um processo que permeia as relações dentro da sociedade e como elas foram construídas com o passar dos anos. Assim, temos as questões de raça, gênero, crença e grupo social, como parâmetros que foram formando as bolhas sociais e distanciando grupos de indivíduos e suas condições de vida. Continue reading “5 fatos da sociedade que demonstram a desigualdade social”

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